quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Mais uma partilha...

Hoje, no silêncio deste meu pequeno mundo de quatro paredes, enquanto lá fora a chuva bate na janela, uma música invade este meu espaço... ouvi e voltei a ouvir até à exaustão para tentar perceber como algo tão pequeno e simples podia dizer-me tanto! E ao fim de algumas, muitas vezes as palavras continuam a ecoar na minha cabeça. Deixo-as aqui, para que não fiquem esquecidas só aqui no meu mundo e no meu pensamento... e quem sabe para que vocês procurem por mim, como eu procuro por aquele abraço...

"Quando for já logo à noite na praia
Com o sol a derreter sem fim
Procura por mim
Com o vento por saia
E em lugar do suor o sargaço.

Eu estarei quieto e assim sozinho
Cheio das dúvidas do Universo
À tua espera
A desenhar o caminho
Para te escrever em verso
No meu regaço.

Um abraço. "

(Procura por mim-Mafalda Veiga)



terça-feira, 24 de novembro de 2009

Tinkerbell

Duas pequenas magias da disney que me encantaram






Vamos a lua na disney? :$

sábado, 14 de novembro de 2009

Anda daí...vem sentar-te na lua comigo

Um dia, uma pessoa especial mostrou-me este tesouro.... partilho-o hoje convosco.
Alma gémea a ti agradeço pela partilha e pela perfeição. Abracinho no coração XD*



"Anda daí, vem sentar-te na lua comigo. Imagina o trabalhão que tive, mas agarrei uma estrela só para ti. Somos amigos há tantos anos, muitos mais do que aqueles que já vivemos. Sei que só tenho dezoito anos e que ainda agora entrei para a faculdade, mas acho que nasci com uma alma antiga, porque olho para mundo e vejo mais longe do que muitos conseguem alcançar. Por isso talvez a nossa amizade venha de outro tempo, um tempo sem tempo, uma existência eterna e paralela onde tu também tens dezoito anos e todas as noites podemos subir à lua e apanhar estrelas. Agora elas andam fugidias, a tecnologia tornou-as mais rápidas e são muito difíceis de apanhar. Mas por ti, por tudo o que me ensinaste, por tudo o que já vivemos - ainda que em sonhos - por tudo o que aprendi a ser contigo, por ti, eu apanho as estrelas que for preciso. Anda daí, vem sentar-te na lua. Nunca está frio cá em cima e instalaram umas escadas rolantes para não nos cansarmos na subida. A Lua forrou-se de almofadas brilhantes e distribui mantas e bebidas aos visitantes. Negociei um lugar cativo com o patrocinador oficial e assim podemos ir todas as noites, se quiseres, se puderes, se tiveres tempo e vontade, tu que andas sempre a correr contra o tempo, contra os comboios, contra quem está contra ti. Não sei se também serei escritor um dia. Sonho com isso, mas faz-me impressão ver-te todos os dias fechada a lutar contra o silêncio, contra as palavras, contra o tempo. Falta-te a respiração do mar, uma existência serena, a capacidade de desligar. Falta-te tempo e energia. Mas nunca te hão de faltar os verdadeiros amigos, como eu. Nem sempre conseguimos encontrar-nos no tempo presente, nem sempre tens tempo para mim, mas eu sei que posso contar contigo, que num momento de crise estarás ao meu lado, que voltarás sempre, porque se a vida é um eterno regresso a casa, a amizade é um amor eterno. Por isso anda daí, vamos os dois um bocadinho à lua e quando voltarmos estarás mais bela e mais feliz e podes ter a certeza que o tempo em que estamos com aqueles que nos querem bem é sempre um tempo ganho, como quem acumula pontos de felicidade para o futuro. Mesmo que seja na lua, ou cá em baixo, entre os homens, tanto faz o tempo e o lugar, o que conta é o modo de ser e de amar"
Margarida Rebelo Pinto in "Vou contar-te um segredo"

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O Principezinho

Um dos livros que mais me marcou até hoje...deixo aqui uma das minhas passagens preferidas.


Foi então que apareceu a raposa.
- Olá, bom dia! - disse a raposa.
- Olá, bom dia! - respondeu educadamente o principezinho, que se virou para trás mas não viu ninguém.
- Estou aqui, debaixo da macieira - disse a voz.
- Quem és tu? - perguntou o princepezinho - És bem bonita...
- Sou uma raposa - disse a raposa.
- Anda brincar comigo - pediu-lhe o principezinho. - Estou tão triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...
- Ah! Então, desculpa! - disse o principezinho.
Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar:
- «Cativar» quer dizer o quê?
- Vê-se logo que não é de cá - disse a raposa. - De que andas tu à procura?
- Ando a procura dos homens - disse o principezinho. - «Cativar» quer dizer o quê?

- Os homens têm espingardas e passam o tempo a caçar - disse a raposa. - É uma grande maçada! E também fazem criação de galinhas. Aliás, na minha opinião, é o único interesse deles. Andas à procura de galinhas?
- Não - disse o principezinho. - Ando à procura de amigos. «Cativar» quer dizer o quê?
- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer «criar laços»...
- Criar laços?
- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti...
- Parece-me que estou a perceber - disse o principezinho. - Sabes, há uma flor...tenho a impressão que ela me cativou...
- É bem possível - disse a raposa. - Vê-se cada coisa cá na Terra...
- Oh! Mas não é na Terra! - disse o principezinho.
A raposa pareceu muito intrigada.
- Então, é noutro planeta?
- É.
- E nesse planeta há caçadores?
- Não.
- Começo a achar-lhe alguma graça... E galinhas?
- Não.
- Não há bela sem senão... - suspirou a raposa.
Mas voltou a insistir na mesma ideia:
- Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu caço galinhas e os homens caçam-me a mim. As galinhas são todas parecidas umas com as outras e os homens são todos parecidos uns com os outros. Por isso, às vezes aborreço-me muito. Mas, se tu me cativares, a minha vida fica cheia de sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, repara! Estás a ver aqueles campos de trigo ali adiante? Eu não gosto de pão e, por isso, o trigo não me serve para nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando tu me tiveres cativado, vais ser maravilhoso! O trigo é dourado e há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do som do vento a bater no trigo...
A raposa calou-se e ficou a olhar para o principezinho durante muito tempo.
- Se fazes favor... Cativa-me! - acabou finalmente por pedir.
- Eu bem gostava - respondeu o principezinho, - mas não tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer...
- Só conhecemos o que cativamos - disse a raposa. - Os homens deixaram de ter tempo para conhecer o que quer que seja. Compram as coisas já feitas aos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens deixaram de ter amigos. se queres um amigo, cativa-me!
- E tenho de fazer o quê? - disse o principezinho.
- Tens de ter muita paciência. Primeiro, sentas-te longe de mim, assim, na relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. mas podes-te sentar cada dia um bocadinho mais perto...
O principezinho voltou no dia seguinte.
-Era melhor teres voltado à mesma hora - disse a raposa. - Por exemplo, se vieres ás quatro horas, ás três já eu começo a estar feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sinto. Às quatro em ponto hei-de estar toda agitada e toda inquieta: fico a conhecer o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca vou saber a que horas hei-de começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito... Precisamos de rituais.
- O que é um ritual? - disse o proncipezinho.
- Também é uma coisa de que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - É o que torna um dia diferente dos outros dias e uma hora diferente das outras horas. Por exemplo, os meus caçadores têm um ritual. À quinta-feira, vão dançar com as raparigas da aldeia. Por isso, a quinta-feira é um dia maravilhoso. Eu posso ir passear às vinhas. Se os caçadores fossem dançar num dia qualquer, os dias eram todos iguais uns aos outros e eu nunca tinha férias.
E o principezinho cativou a raposa. Mas quando se aproximou a hora da despedida:
- Ai! - suspirou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar...
- A culpa é tua - disse o principezinho. - Eu não te desejava mal nenhum, mas tu pediste para eu te cativar...
- Pois pedi - disse a raposa.
- Mas agora vais-te pôr a chorar! - disse o principezinho.
- Pois vou - disse a raposa.
- Então não ganhaste nada com isso!
- Ai ganhei, sim senhor! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo...
E acrescentou:
- Anda, vai ver as rosas outra vez. Vais entender que a tua é única no mundo. Quando vieres ter comigo, dou-te um presente de despedida: conto-te um segredo.

O principezinho foi ver as rosas outra vez.
- Vocês não são nada parecidas com a minha rosa! Vocês ainda não são nada - disse-lhes ele. - Ninguém vos cativou e vocês não cativaram ninguém. São como a minha raposa era, uma raposa perfeitamente igual a outras cem mil raposas. Mas eu tornei-a minha amiga e ela passou a ser única no mundo.
E as rosas ficaram bastante arreliadas.
- Vocês são bonitas, mas vazias - insistiu o principezinho. - Não se pode morrer por vocês. Claro que, para um transeunte qualquer, a minha rosa é igual a vocês. Mas sozinha, é muito mais importante do que vocês todas juntas, porque foi ela que eu reguei. Porque foi ela que eu pus debaixo de uma redoma. Porque foi ela que eu abriguei com o biombo. Porque foi a ela que eu matei as lagartas (menos duas ou três, por causa das borboletas). Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, às vezes, calar-se. Porque ela é a minha rosa.

Depois voltou para o pé da raposa e despediu-se:
- Adeus...
- Adeus - despediu-se a raposa. - Agora vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
- O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Os homens já não se lembram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que cativaste. Tu és responsável pela tua rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.

Antoine de Saint-Exupéry, in "O Principezinho"